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sábado, 21 de maio de 2011

Nunca é tarde: 13 DE MAIO PARA TEREZA DE BENGUELA


Durante longos anos o 13 de maio permaneceu marcado por homenagens à Princesa Isabel, cognominada “a redentora” por assinar a Lei Áurea em 1888. Nos idos da ditadura militar era comum exaltar esta suposta gesta sem ao menos mencionar a heroica luta negra contra o cativeiro, os indizíveis sofrimentos diante da perversidade branca e sucedâneos. Sequer se falava do rico legado africano para a formação da identidade brasileira nos seus diversos aspectos.

O Império apenas oficializou o fim de um modo de produção cruel, que maculava a nação brasileira perante os olhos do mundo, grosso modo, pela opção de Dom Pedro em não contrariar a elite aristocrática do século XIX, detentora de privilégios à custa da condição de miserabilidade de brasileiros das camadas excluídas do processo político e ínfera como agentes socioeconômicos.
A pressão inglesa, mesmo com fins comerciais e os movimentos abolicionistas de parte da sociedade brasileira mais intelectualizada nos moldes republicanos fomentaram a apostasia escravocrata. No norte do país fazia-se até cota para compra de alforria de escravos enquanto o Ceará saía na vanguarda por ser a primeira província a libertar seus cativos, bem antes da lei.

Nos meios educacionais de Rondônia existe atualmente um descompasso entre a história da presença negra na ocupação e povoamento das terras que hoje constituem o estado e o ensino nas escolas públicas. No ensino fundamental depende da boa vontade do professor que, entremeado de dificuldades em pesquisar livros e se debulhar em materiais didáticos acerca desta importante saga, ensina “do modo que dá”; no ensino médio, apenas no ano de conclusão a grade reserva 40 aulas pra se contar 400 anos de história sobre a presença negra em terras de Rondônia.

Mas sempre há tempo pra recomeçar. E neste dia 13 de maio, ao invés da primazia de citar Princesa Isabel, é assaz justo sacramentar o nome de Teresa de Benguela, rainha africana que como tantos outros irmãos de cor e destino, enveredaram pelas fugas para se aquilombar nas escarpas da extensa Serra dos Parecis, pelas vizinhanças dos arraiais e nas águas do rio Piolho, que viria a dar nome ao quilombo comandado por Teresa.

O quilombo do Piolho foi atacado em 1770 pelo Sargento-Mor João Leme do Prado, quando apreendeu numerosa escravatura, restando ainda ali muitos fugitivos escondidos na selva que se estabeleceram novamente nas cercanias do lugar. Segundo a maioria dos estudiosos, Teresa enlouqueceu e se suicidou ao ver sua gente ser massacrada, castigada e voltar às senzalas machucados pela fúria marginal dos seus senhores.

Entretanto, sua coragem, seu exemplo único, sua devoção pela liberdade numa época em o sangue negro derramava aos borbotões nos campos e minas, jamais poderia ser esquecido. Sobrevive na literatura, nas dissertações e teses acadêmicas e no coração guerreiro dos movimentos negros que reivindicam como justa causa, a igualdade racial que lhes é devida pela pátria que ajudaram a formar e dela se tornaram filhos que nunca fugiram à luta.

Fonte: Prof. Sílvio Mellon,
é historiador e professor do IFRO – Campus Ariquemes/RO (E-mail: silviomellon@hotmail.com)

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